A Importância de Arlindo Cruz nas Transformações do Samba a partir da Década de 1980
DOI:
https://doi.org/10.47764/e22031005Palavras-chave:
Samba, Pagode, Identidade Cultural, MusicologiaResumo
O samba tocado nos “fundos de quintal” é uma tradição presente na cultura brasileira desde pelo menos o início do século XX, como revela a literatura (LOPES, 1992; SANDRONI, 2001; VIANNA, 2004). Tal prática “sobreviveu” nas favelas cariocas e permaneceu alheia à indústria fonográfica até a “descoberta” de Beth Carvalho e do produtor musical Rildo Hora na década de 1970, o que originou diversas transmutações no samba, sobre as quais este trabalho pretende discutir, especialmente aquelas provenientes do cantor carioca Arlindo Cruz. Sob a perspectiva transdisciplinar, ancorada especialmente em autores como Stuart Hall (2005), Hobsbawn (1997) e Tagg (1999), objetiva-se refletir sobre as seguintes perguntas: quais são as características dessa nova linguagem? Como elas dialogam com o seu tempo histórico? Em outras palavras, pretende-se investigar, analisar e interpretar aspectos sonoros – letra, melodia, harmonia, ritmo e expressão - e extra sonoros - signos e sinais manifestados nos discursos, na idumentária e nos estilos de vida dos músicos - a partir da hipótese de que tais práticas são construções híbridas decorrentes da mundialização, onde as culturas distintas rompem fronteiras e se inter-relacionam criando novas “subculturas”. Tal processo é característico do que Hall (2005) chama de “identidade cultural na pós-modernidade”.
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